Paradoxo.

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«(...) É por isso que eu não fico satisfeito em sentir o que eu sinto se o que eu sinto fica só no meu peito.»

terça-feira, 10 de março de 2009

"Ando cada vez mais intrigado com o lugar onde vão as coisas que vivemos. Deve por certo haver algures algum registo, um filme detalhado. Que isto não é só isto, senão bastava-se. (...), continua a viver em mim. O que mostra a imortalidade das almas. O que vivi talvez não fosse para ter sido vivido. Eu não nasci assim louco. Eu lentamente adoeci.

Qualquer coisa possui em si o mistério de tudo e a nossa distância vai daqui para ali, e volta. Há uma frase por escrever da qual esqueci as palavras e a gramática. Uma frase que junte coisas separadas, nuvens sem rumo as suas sombras, animais fabulosos a inóspitas paisagens, breves recados a fatais desenlaces. Uma frase é um laço apertado por um verbo.
É a morte por todo o lado que me faz escrever a frase.

Os meus olhos escondem tudo o que descobre.
Mas quem saberá a verdade se o que nos aproxima é o que nos mantém afastados?

Quase, é uma palavra notável. Todas as pessoas deviam ter por nome próprio quase. Eu sou quase, tu és quase, ele é quase, nós somos quase. Quase qualquer coisa que não chega a ser quase. Uma paixão quase perfeita. Um numero quase redondo que só existe dentro de cabeças ligadas por fios primorosos.
Continuam a surgir frases por escrever, amores inacabados.
Há em mim qualquer um que tem saudades de si. Saudades imperiosas, bruscas, inevitáveis. Continuo a ignorar para onde foi o que fui, em que casas acordam as pessoas que amei.
Doí quase. Assim, sempre assim. Uma espécie de distância que não pode ser percorrida."

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