Não percebo bem o motivo, nunca o percebi, mas sempre que se sente mais em baixo, sempre que algo não corre como ela o espera, ela sai de casa. Não sabe onde quer ir, não sabe quem vai encontrar -espera não encontrar ninguem-, não sabe até onde vai nem quando acha que chegou ao sitio que se sente realmente bem.
Então, hoje, algo não correu como ela esperava e sentia-se demasiado magoada e perturbada.
Já não aguentava mais a prisão das quatro paredes do seu quarto embora sempre a tivessem abrigado ela precisava demasiado sair dali, não sabe para onde, sair.
Escolheu um caminho para tentar não ver as pessoas que áquela hora de dirigiam para suas casas; não queria que ninguem visse as lagrimas a escorrer na sua cara. A meio desse caminho ligou, ligou a uma amiga que desconhecia do seu paradeiro a algum tempo e combinaram encontrar-se. Sentiu que tinha de se fazer de forte, que ia ter com ela mas era para se distrair e não deprimir mais.
Ao subir uma rua que ela própria já tinha passado lá imensas vezes, não no seu dia-a-dia, mas muitas vezes.
Ouviu um barulho que lhe agradava, levava-a a um sitio que ela já tinha visitado, pensou em sentar-se ali, no meio daquela rua decerta onde o ruido enchia os seus ouvidos. Mas não podia, já tinha coisas combinadas.
Ao vir para casa, podia ir por outro sitio, mas escolheu aquele, ela gostou. Chovia, chovia imenso, mas ao chegar aquele sitio, ela parou de ouvir a chuva no seu carapucho, parou de sentir a chuva a tocar a sua cara, fechou os olhos e completou o ruido que fazia o vento a passar pelo meio das folhagens, o barulho da agua a cair... O vento a adormecer os seus sentimentos levando-a daqui, deste sitio de horrores.
Sem comentários:
Enviar um comentário