Sente um enorme vazio quando o vê a sorrir. Queria guardar o sorriso dentro dela, com ela.
Quer dar-lhe a mão e voar daqui para longe.
Chega a escola, segue para o seu grupo enorme de amigos e sente-se protegida do mundo que corre lá fora. Com elas, ela, sente-se capaz de fazer tudo. Segura.
Atrasadas, vão num passo vagaroso e relaxadamente em direcção aos blocos que se situam um pouco distante da entrada. É aí! É aí que o avista... Tão lindo aquele olhar pela manhã. O sorriso a desbotar como uma bela flor. Pode não estar um dia de Sol radiante, mas o cabelo dele encarregar de transportar sentimentos suficientes para que ela se sinta em pleno alto do Verão. A maneira como ele comunica -mesmo não sendo com ela- é tão fascinante, ela olha-o. Ela não consegue parar de olha-lo. Ele repara que ela o olha. Ela desvia o olhar. Ele olha-la. Ela encolhe-se timidamente. Ele sorri. Ela lança um sorriso escondido e envergonhado. Os amigos dele repararam que ele a observava, ele disfarça. Ela continua com o seu grupo de amigas e anseia vê-lo no minuto a seguir. Vai para as aulas, pensa nele, toda a gente já reparou e lhe fala nele. Ela nega. Não sente nada por ele, não sente.
Pequeno intervalo da manhã, mais uma vez, para além de estar a frente do seu pensamento está a sua frente. Olham-se.
Ele toma a iniciativa. Ele dirige-se a ela numa atitude corajosa.