Paradoxo.

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«(...) É por isso que eu não fico satisfeito em sentir o que eu sinto se o que eu sinto fica só no meu peito.»

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Falta-me o nome das palavras.

Seguias o teu caminho matinal como habitualmente à Segunda. Vigiava esses teus passos, pelos quais já caminhei ao lado; quase que me prendeste a esse teu encanto que inevitavelmente obrigava os meus olhos a seguir, contemplando-o. Todos os gestos e cores que te acompanhavam. O movimento dos teus lábios que preferiram outras palavras. Esse teu sorriso e olhar que sempre me roubavam momentos paralelos ou me desconcentrava do resto do Mundo. Fazendo só existir um. O teu. E tu ias e vinhas como se a viagem fosse assim, sem principio ou fim.
Seguindo os teus passos, começando a seguir o caminho do teu mundo, por ligeiro percalço da minha inocência, as palavras que saiam da tua boca começaram a chegar aos meus ouvidos. Saiam constantemente e formavam melodias, pelas quais, não achei necessário erguer nenhuma barreira, deixei-me levar pelo som da tua voz.
Cheguei tão perto que até te ouvia a sussurrares a outra a melodia que também me cantavas, as palavras, as notas e os refrões que me roubaste.
Sentei-me no banco a observar te. (Já a algum tempo que não o fazia). Parecias belo, parecias meu. O que nos separava era em enorme lago, onde a agua fazia um barulho muito forte -como antes tínhamos sido, agora, era esse mesmo barulho intenso que nos separava-, mas a meia noite em ponto como no conto da Cinderela, a agua deixou de fazer o seu ruído, as suas fontes deixaram de se erguer restando só o teu reflexo na agua. Algo espantoso com as luzes da noite a iluminarem te como se me transmitisses a luz do abismo que eu tanto procurava.
Predominava o silêncio, mas ainda se ouvia o som da agua a escorrer por o rochedo que limitava o grande lago. Tu ainda continuavas do outro lado, mas não por muito tempo. O tempo deforma. Hoje será o dia do meu ultimo ruído, do nosso ultimo ruído e, soará a um A.

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