Paradoxo.

A minha foto
«(...) É por isso que eu não fico satisfeito em sentir o que eu sinto se o que eu sinto fica só no meu peito.»

terça-feira, 30 de junho de 2009

Não. Muito pelo o contrario.

Hoje respiro de alivio. Cada vez o cansaço é menor e cada vez vejo mais a aproximar os dias de mudar os meus horários. Melhor. De os adquirir de novo. Podia, sim, na verdade podia tentar descrever o meu ano em Vila do Conde e outras coisas. Sempre mais coisas para além disso. Acho que não vale a pena. Seria demasiado desgastante recordar. Ia desgastar a minha memória, o meu sentimento novamente ou iria só rir de tanta coisa absurda! Prefiro não tocar em alguns aspectos. Hoje, passo por cá essencialmente para deixar registado o quão cómico, ironicamente falando, se tornou ou começou o meu ano e acabou.
Talvez possa recuar uns tempos atrás e falar da minha turma do 9º ano. Sim, há alguns meses. Longos. Via-me no inicio do ano numa turma mais ou menos desconhecida, encontrei ou revi pessoas que andaram comigo na pré e pessoas do meu 1º ano de escola. Algo fascinante. Outras, claro, que nunca imaginaria que existissem. Ao longo desses meses, fui conhecendo pessoas, fui-me "apaixonando" por pessoas, fui socializando. Até, não propositadamente, fazermos um grupo, se assim o poderei chamar. Éramos realmente unidos. Era realmente uma turma fantástica, algo que sempre teria sonhado. E passaram as ferias, juntos, sempre juntos. Era um sonho, um momento demasiado espectacular para ser exprimido. Ficou guardado. Acho que vou referir a Sílvia. Sílvia, era uma amiga, pensando eu e palavras em vão dizíamos, frases e tudo mais. Só sei que hoje a única coisa que partilhamos é a paixão pela fotografia. Lembro-me do dia das notas. Não tinha encontrado nenhuma escola no Porto, onde realmente pudesse seguir o meu curso e a minha paixão pela fotografia. ESE. A Sílvia estava comigo. Como todos os dias. A minha mãe também. A minha mãe fez um telefonema e a frase que ela referiu foi uma completamente nova «A escola que há mais perto com o curso de fotografia é em Vila do Conde...» Sem hesitar a minha resposta foi «Eu vou para lá!». Sem pensar em nada. Só tomei a decisão. Fui a correr contar a Sílvia, ela disse que não. Era longe. Ela não ia. Tudo bem, eu vou. A minha decisão estava tomada e nada me faria voltar atrás. Passaram as férias. Passou tudo. Setembro. Apresentação. Escola nova. Alunos novos. Terra desconhecida. Viagem longa. Tudo completamente diferente de tudo que alguma vez poderia ter visto. Tudo desconhecido. E como tudo, tudo que é desconhecido, assusta. Assustei-me. Bastante, devo dizer. Mas a minha decisão estava tomada e era para ser levada até ao fim. Ouvi tantas palavras baixas, tantas como «Tu não vais conseguir. É muito longe. Tu não vais aguentar. Não tens tempo para nada. Vais ter de fazer escolhas, tens que abdicar do Volei. Tu no segundo período estas exausta e não vais conseguir manter esse ritmo.» Coisas assim. Na altura, já me encontrava aterrorizada, completamente apavorada e as saudades começavam a fazer sentir-se. Fui abaixo, completamente no fundo. Lembro-me de nos dois primeiros dias, cheguei a casa com as lágrimas no olhos, e fechei-me no quarto. Cheia de dores psicológicas. Cheia de tudo e estava farta de tudo. Da viagem, da terra desconhecida e principalmente do desconhecido assustador que me assombrava. Das palavras e olhares das pessoas. Tudo. Sentia que não podia mais. Era demasiado para mim. «Queres ir para a ESE?» Foi a pergunta da minha mãe. «Não!! Não vou mudar de escola. É aquilo que eu quero, é isto que eu vou fazer. Tem que haver sacrifícios, tem de haver obstáculos. É só no inicio, isto passa.» Não vim, propriamente escrever para vos deitar a cara que não confiaram na minha força de vontade e na minha coragem de enfrentar - quer dizer... também -, vim principalmente agradecer-vos. Sim, agradecer-vos. Se não tivesse completamente em baixo naquele momento. Se não tivesse dito aquelas palavras que para mim, soaram completamente derrotadas, não tinha tanta força de estar lá. É verdade. Agora, tenho ouvido isto «Tu tens garra. Tu vais longe, rapariga. Nota-se que tu tens uma experiência de vida diferente delas, nunca ninguém da tua idade iria estudar para longe deixando aqui os amigos, a família, a antiga escola e partir para o desconhecido. Não teriam coragem. É demasiado para as pessoas deixarem tudo aqui e partirem. Mas tu não. Tens carácter. Tens personalidade.» Não sei qual era a minha reacção de me tivessem dito isto no inicio do ano. Lembro-me perfeitamente de o Arnaldo, no caminho para o metro, sim ele foi a minha companhia este ano todo até quando nada conhecia. Então, como é óbvio, tínhamos imensas conversas. Uma vez ele disse-me «O teu tempo devia esticar. Não sei como é que consegues ter tempo para isso e ainda vires tão bem disposta e com essa energia toda. Não sei como consegues. 24H para ti devem ser pouco. O teu tempo devia esticar.» Sorri. Achei imensa piada como alguns me davam tanto valor e outros, muito mais importantes não percebiam, não conseguiam compreender ou perceber ou até aceitar o esforço que fazia para estar com eles. Do que abdicava. Adiante. Acabou um ano. A minha decisão mantém-se. Para o ano há mais. Não, não me arrependo de nada da minha escolha. Por tudo que perdi e por tudo que igualmente ganhei e aprendi. Mau, seria terminar este texto sem falar da linda cidade de Vila do Conde que quase considero como minha. Das pessoas e dos sítios magníficos que fizeram o favor de me apresentar. Não existe muito a dizer... Há é sempre muito mais a sentir.

Não me esqueci, marmelada S2

4 comentários:

Inversão de Olhares disse...

Eu sou a favor das pessoas que te valorizam pela tua força de vontade, nunca se deve desistir dos nossos sonhos, por muito que eles nos assustem, por muito que seja preciso fazer sacrificios, por muito doloroso que seja, por muita distância que nos cause e por muito tempo que nos roubo. Um sonho é um sonho, e se temos a possibilidade de lutar por ele então devemos nos agarrar bem a essa possibilidade. Admiro a tua força sem dúvida.

Filha do meu coração <3

Inversão de Olhares disse...

Eu acho que a tenda vai durar cerca de 5 minutos montada e depois vai abaixo xD
Nem quero ver o que vai ser nós e a Ana a dormirmos na mesma tenda, já estou como tu, MEDOO, MUITO MEDO!

<3

Inversão de Olhares disse...

O Cassiano diz que a nossa tenda é fácil de montar que demoramos 2 minutos. Mas se levares o João Maria eu acho que vamos dormir mesmo ao relento xD

<3

Inversão de Olhares disse...

Pronto o João Maria é tão gordo que até nos vai por fora da tens xD

< Filha 3