A primeira frase que trocamos foi «Não comentes que eu não o farei.»
Abanei com a cabeça abanando-a simultaneamente e encolhi os ombros. Só ouvi uma voz a perguntar-me «Vamos para a praia?».
«Vamos!!» - foi a minha resposta.
Corremos perdidas para mergulhar as nossas atitudes, os nossos erros nas mais profundas zonas da nossa memória ou só dissolver na agua. Corríamos, corríamos. Corríamos forçando o vento quente e abafado se juntasse a nós, como um elemento não-a-favor do relógio.
Por fim, chegando a praia, despindo o excesso de energias, caminhávamos juntas. Corremos, desejando sempre mais e mais longe. Fugindo, ou tentando fazer isso da súbita morte, demo-nos ao lado de um grupo em que fugindo também, 2 elementos ficaram para trás. Pedidos de ajuda, berros de apoio. Desespero acumulado.
Imóveis, inúteis, desesperadas, apavoradas, nervosas e limitávamos a gritar, a rir dos nossos nervos, enquanto um amigo corria tanto quanto podia para pedir ajuda. Imóveis, continuávamos imóveis. Inutel, senti-me Inutel.
Passado um pouco de ter visto uma a boiar e uma a tentar nadar, vi uma delas a subir para as rochas com uma vontade de ganhar a morte, numa luta tão renhida. Agarrada a rocha descansa de alivio. Suponho que a pensar na vida e nas pessoas que gosta ou então - porque não? -, na pura de uma sorte e de uma merecida luta ganha por ela mesmo. A outra ficará para trás e cada vez em mais grave situação. Cada vez mais perto da morte. Ambas salvas decidimos sair dali. Ir a beira delas, ver como estavam, mas muito rapidamente desistimos. Não por estar muita gente até porque só as pessoas que se encontravam nas rochas é que assistiram e eu e uma amiga. Mais ninguém! Eram dois mundos distintos, uma cheio de pavor outro perto dele, brincando e abusando do mar.
Caminhávamos ao berros, só a tentar libertar a acumulação dos sentimentos expressos e adquiridos naquele espaço de tempo. Caminhamos a berrar até ficarmos em voz para expor mais os nossos sentimentos.
Imagem corroi por dentro! O choque enchíamos por inteiro... !
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